Saudações!
Já faz algum tempo desde que li um texto sobre a morte da narrativa de Walter Benjamin. Quando terminei de ler essa produção de W.B. não consegui assimilar a idéia de que um dia o ato de narrar pudesse acabar. O Homem é feito de história. Que grande tolice, a desse Benjamin! Pensei. Mesmo a pior das experiências pode virar história.
Muito fácil dizer já que nunca passei por tempos sombrios como os que esse teórico teve de enfrentar...
Pois bem, assim que começaram as férias, peguei "O Diário de Anne Frank", não pq desejasse esclarecer minha indignação, mas sim pq a muito queria ler essa obra.
Que curioso é o efeito da literatura! O diário de Anne rasgou o véu de insensibilidade que atravancava minha visão e permitiu que visse o que Benjamin tentava mostrar.
A hipótese de um fim para a narrativa é um grito de desespero raciocinado. As descrições de Anne da casa úmida e sombria, da tristeza e da angústia começaram por me deixar tão sufocada e deprimida quanto é possível ficar com uma leitura. É difícil ver como as coisas podem seguir seu curso quando se está mergulhado em escuridão. Não havia mais qualquer história a ser contada pq tudo havia sido substituído pela tristeza, pelo menos era como Anne via as coisas. Ela mesma diz em seu diário que os membros do Anexo Secreto já não tinham sobre o que falar uns com os outros. Só conversavam sobre política e comida pq as outras histórias que tinham para contar já havia sido narradas várias vezes e não havia experiências novas, fonte para narrativas.
Do que ela não se deu conta é de que, de alguma forma, estava passando por um processo literário. Anne Frank estava provando que a guerra não poderia apagar o que há de mais humano, a história.
Poderia ainda falar do ilustre senhor J.R.R.Tolkien. A reação de Tolkien ao contrário do esperado foi criar uma mitologia para seu povo. Ele sabia da necessidade de se contar histórias e de ter algo em que acreditar. O Símbolo, A História, A Fantasia, eles não morreram, se transfomaram, mas não morreram.
Não pense que quero dizer "Aha! Estou certa e você está errado, W. Benjamin!"
Mas fico muito feliz que seja o caso. É animador que a narrativa não tenha morrido e que grandes cavalheiros e damas tenham encontrado um meio de lidar com uma situação tão extrema e continuar a produzir literatura. Agora entendo W.B. um pouco melhor e conheço um pouco mais de literatura.
Obrigada Anne Frank! Obrigada J.R.R.Tolkien! Obrigada a todos os grandes de espírito que garantiram a continuidade da produção do alimento de nossas almas!
That's All.
Já faz algum tempo desde que li um texto sobre a morte da narrativa de Walter Benjamin. Quando terminei de ler essa produção de W.B. não consegui assimilar a idéia de que um dia o ato de narrar pudesse acabar. O Homem é feito de história. Que grande tolice, a desse Benjamin! Pensei. Mesmo a pior das experiências pode virar história.
Muito fácil dizer já que nunca passei por tempos sombrios como os que esse teórico teve de enfrentar...
Pois bem, assim que começaram as férias, peguei "O Diário de Anne Frank", não pq desejasse esclarecer minha indignação, mas sim pq a muito queria ler essa obra.
Que curioso é o efeito da literatura! O diário de Anne rasgou o véu de insensibilidade que atravancava minha visão e permitiu que visse o que Benjamin tentava mostrar.
A hipótese de um fim para a narrativa é um grito de desespero raciocinado. As descrições de Anne da casa úmida e sombria, da tristeza e da angústia começaram por me deixar tão sufocada e deprimida quanto é possível ficar com uma leitura. É difícil ver como as coisas podem seguir seu curso quando se está mergulhado em escuridão. Não havia mais qualquer história a ser contada pq tudo havia sido substituído pela tristeza, pelo menos era como Anne via as coisas. Ela mesma diz em seu diário que os membros do Anexo Secreto já não tinham sobre o que falar uns com os outros. Só conversavam sobre política e comida pq as outras histórias que tinham para contar já havia sido narradas várias vezes e não havia experiências novas, fonte para narrativas.
Do que ela não se deu conta é de que, de alguma forma, estava passando por um processo literário. Anne Frank estava provando que a guerra não poderia apagar o que há de mais humano, a história.
Poderia ainda falar do ilustre senhor J.R.R.Tolkien. A reação de Tolkien ao contrário do esperado foi criar uma mitologia para seu povo. Ele sabia da necessidade de se contar histórias e de ter algo em que acreditar. O Símbolo, A História, A Fantasia, eles não morreram, se transfomaram, mas não morreram.
Não pense que quero dizer "Aha! Estou certa e você está errado, W. Benjamin!"
Mas fico muito feliz que seja o caso. É animador que a narrativa não tenha morrido e que grandes cavalheiros e damas tenham encontrado um meio de lidar com uma situação tão extrema e continuar a produzir literatura. Agora entendo W.B. um pouco melhor e conheço um pouco mais de literatura.
Obrigada Anne Frank! Obrigada J.R.R.Tolkien! Obrigada a todos os grandes de espírito que garantiram a continuidade da produção do alimento de nossas almas!
That's All.
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