Aslan

sábado, 16 de janeiro de 2010



Se você ainda não leu As Crônicas de Nárnia, não leia esse post!

Como é curiosa a relação que mantemos com certas coisas...

Terminei de ler As Crônicas de Nárnia já faz algum tempo, mas estava pensando na reação que tive quando li a ultima crônica e resolvi escrever sobre isso.
Para os que estão acostumados com relações intertextuais fica fácil notar que Aslan, nosso querido e sábio leão, nada mais é que uma boa representação de Jesus Cristo. Para os que se lembram um dos modos de se designar Jesus é "O Leão de Judá", mas essa não é a única evidência de que Aslan é uma representação do messias católico. Temos um traidor, Edmundo, que é perdoado pelo doce leão e depois disso temos o sacrifício de Aslan pelos pecados de outrem. A coisa ainda vai mais longe, pois, caso não se lembrem, Aslan é o filho do Imperador. Na última crônica, é claro, tudo se torna ridiculamente claro quando descobrimos que as crianças envolvidas nas aventuras das seis crônicas anteriores, exceto Susana, descobrem pelo próprio Aslan que estão mortas. Temos então o leão que os preparou para a morte e os recebeu nos céus.

Por maior que fosse o número de relações que pudesse traçar entre o Novo Testamento, o Velho Testamento e As Crônicas de Nárnia, ainda assim, eu mantinha uma linha que separava as histórias. Não permitia que o 'real' se metesse no meu universo, na minha Nárnia. Quando cheguei ao fim do livro e esses lugares distintos se uniram a primeira reação que tive foi de repulsa. Me senti desrespeitada pelo autor. Lewis poderia fazer o que quisesse com as personagens desde que não cruzasse o limite que estipulei.

Passado o primeiro choque, até gostei da representação. Na verdade, Aslan me parece bem mais próximo e simpático que a imagem do homem de olhos azuis que comummente se vê por aí.

Mas que coisa curiosa, não? Esse sentimento de autoridade que temos quando lemos algo de que gostamos muito.

Mas no fundo não é a literatura em si, somos assim com tudo aquilo que nos toca profundamente, creio. Gostamos e logo colocamos nossas ideias e expectativas para moldar o objeto de nosso amor. Mas a opinião sensata, a que deve permanecer, é a que se forma depois do primeiro contato. Livre da nuvem de sentimentos que nos nubla a visão e impede que a imagem se revele completamente diante de nós. Ainda não gosto muito do fim de As Crônicas de Nárnia, mas tenho uma simpatia incrível por Aslan.

Já era meu personagem favorito antes de se mostrar como Cristo, mas mesmo com essa fusão de realidade e fantasia, ainda assim, é meu personagem favorito. A sabedoria, a tranquilidade e o poder que seus olhos transmitem ainda me inspiram confiança quando vejo sua face dentro de mim...

Ah! Que coisa maravilhosa, a literatura!

That's All.

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